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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saúde mental é foco em 75% das empresas: Grandes companhias oferecem apoio psicológico para reter empregados.

A saúde mental dos funcionários tem ganhado atenção nas empresas. Pesquisa da consultoria Great Place to Work, obtida com exclusividade pela Folha, aponta que 75% das organizações concedem apoio psicológico total ou parcial aos empregados.

A ideia do serviço é fazer com que o trabalhador possa resolver os problemas familiares e os de trabalho, segundo o estudo realizado no ano passado com cem negócios de grande porte no Brasil.

"As gerações que chegam passam a inserir novos conceitos nas empresas. São pontos relacionados à produtividade e à felicidade dos funcionários", diz a diretora de projetos da Great Place to Work, Roberta Hummel.

O levantamento mostra ainda que, para 82% dos profissionais dessas companhias, o local de trabalho é psicologicamente e emocionalmente saudável.Para Ricardo Munhoz, diretor-executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos, políticas que visam ao bem-estar mental asseguram a permanência dos profissionais.

"As grandes empresas, principalmente as multinacionais, concedem apoio psicológico. É válido, pois cerca de 70% das demissões em níveis estratégicos são por motivos comportamentais."

Alto escalão é mais suscetível a estresse: No país, 1,3 milhão de profissionais se afastaram do trabalho por problemas emocionais, diz estudo da UnB

Profissionais que ocupam cargos de alta responsabilidade estão mais suscetíveis a problemas emocionais como estresse, segundo especialistas ouvidos pela Folha. A extenuante rotina de tomada de decisões, de reuniões e de viagens são fatores preponderantes para a configuração desse quadro.

As distorções no comportamento, porém, são distintas entre os gêneros. "As mulheres costumam chorar e são mais sentimentais; os homens se tornam agressivos e impacientes", compara Ana Cristina Limongi- França, coordenadora do Núcleo de Gestão da Qualidade de Vida do Trabalho da Universidade de São Paulo.

A especialista estima que, Nos últimos cinco anos, os pedidos de demissão por questões relacionadas a estresse tenham representado de 30% a 40% dos desligamentos. Em abril, pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) mostrou que, por problemas emocionais, 1,3 milhão de brasileiros receberam auxílio- doença em 2008.

Pressão alta - O coordenador fiscal Mauro Barros teve que diminuir o ritmo devido aos efeitos da sobrecarga no organismo. Com equipe reduzida na multinacional em que atuava e sob pressão da matriz, o profissional trabalhava de 14 a 16 horas por dia.

As fortes dores de cabeça foram determinantes para que procurasse um hospital, onde foi orientado a utilizar um monitor de pressão. Em momento de pico, no dia seguinte à consulta, o aparelho registrou pressão arterial de 22 por 12 -pela diretriz da American College of Cardiology Foundation e da American Heart Association, ela deve ser menor que 14 por 9 em pessoas de até 79 anos.

"O médico pediu para eu parar, pois estava prestes a sofrer um AVC [acidente vascular cerebral]", diz ele. "Aproveitar momentos de relaxamento para realizar alguma atividade que faça o profissional se desvencilhar do trabalho, além de manter alimentação adequada, é importante para a saúde", afirma Ligia Raquel Brito, médica do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos.

Frase : "As companhias têm gastos altos com os profissionais que têm algum problema de saúde. Prezar pela qualidade de vida do funcionário colabora até para evitar problemas com a Previdência" ALBERTO OGATA ( Presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida )

Após crises de choro, funcionária treina substituta e é demitida

Mesmo em um cenário de transformação, algumas empresas não oferecem programas de apoio a funcionários. A assistente de comunicação Amanda Trolezi, 23, por exemplo, foi desligada de um escritório no qual havia atuado devido a questões de saúde emocional.

Com a demanda de trabalho e a pressão da chefia, a jovem tinha crises de choro."Vendo meu estado, minha chefe me fez treinar uma pessoa para desempenhar as minhas funções. Após esse período, sem qualquer aviso, fui demitida", afirma Trolezi.

Para o presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, Alberto Ogata, investimentos em programas de bem-estar são recomendados a empresas que queiram tanto aumentar a produtividade quanto reduzir gastos com saúde do funcionário.

Empresas disponibilizam atendimento por telefone : Programas garantem anonimato e buscam a diminuição da rotatividade

Em algumas empresas, o contato com psicólogos para resolver problemas emocionais vem em forma de ligação gratuita. Nelas, há um 0800 para auxiliar funcionários.Na Sodexo Motivation Solutions, de cartões corporativos, o processo de apoio psicológico ao empregado está em vigor há seis meses. Pessoas com problemas pessoais ou profissionais recebem atendimento por 0800 ou presencialmente.

Mais de 10% dos trabalhadores da companhia utilizaram esse serviço, segundo o diretor-executivo de RH da companhia, Thiago Zanon. "As empresas demoram a perceber que esse investimento é benéfico.O "turnover" da Sodexo diminuiu [depois do programa]", afirma.

Na Kimberly-Clark, de produtos de higiene pessoal, funcionários têm a opção de utilizar o "Konte Comigo", programa que oferece atendimentos financeiro, jurídico e psicológico a empregados por telefone ou pessoalmente.

Assim como no projeto da Sodexo, na Kimberly-Clark o anonimato é garantido. "No primeiro trimestre, foram atendidos 60 funcionários. No ano passado, cerca de 200 colaboradores passaram pelo programa", afirma a diretora de RH da indústria, Maria Lucia Ginde.

Motivação - Para o fundador da consultoria de gestão de carreira Gnetwork, Eberson Federezzi, a adoção de "iniciativas saudáveis na organização" está associada, em grande parte, à necessidade de aumentar a produtividade dos funcionários, reter talentos e diminuir a rotatividade.

"O foco é manter os profissionais motivados. Com a pressão e a cobrança, muitos se sentem acuados a não conseguir suprir as necessidades da companhia", diz.O coordenador do Núcleo de Psicologia do Trabalho na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), André Bruttin, defende a adoção de programas corporativos de auxílio psicológico.

Ele ressalta que a implementação pede cuidados ""não deve ser só emergencial. Para ele, há três níveis de atuação a que as empresas devem se ater no apoio psicológico: um para cuidar de quem já adoeceu; outro para fortalecer o empregado em situações estressantes; e um terceiro que identifique os motivos do adoecimento.



Fonte: Folha de São Paulo, por Juliano Moreira. 30.05.2011
Site: www.granadeiro.adv.br

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